Em 1988, Hull e Gonzáles verificaram que a combinação do tamanhocorreto de pedivelas com a freqüência de pedaladas do ciclista levam a um bomrendimento mecânico. Foi concluído pelos mesmos que na medida em que aumenta otamanho das pernas do ciclista, deve-se aumentar o tamanho das pedivelas emconjunto com a adequação da cadência de pedaladas. Eles verificaram queaumentando o tamanho dos músculos (comprimento), aumenta o alcance de trabalhodos mesmos; e aplicando um pouco de Física e Biomecânica viram que aumentandoas pedivelas, aumentam os ângulos de trabalho das articulações e assim seaperfeiçoa o trabalho muscular. Em 1990, Ambrosini admitiu ser conveniente queo tamanho das pedivelas seja menor que a metade do comprimento das coxas;sugeriu ainda que quanto maiores as pedivelas, menor a força aplicada sobre ospedais para vencer a resistência. Já Vespini s/d, mostra que pedivelasmaiores, podem chegar a produzir dores articulares, sobretudo não permitindo umpedalar suave (alguns indivíduos por menores que sejam sempre querem utilizarpedivelas maiores).
Ambrosini propôs as seguintes relações para as pedivelas, relacionandoseu tamanho, com a altura do entre-pernas:
Entre-pernas (cm) |
Pedivelas (cm) |
Até 83 |
16,5 |
Até 84 |
16,6 |
Até 85 |
16,7 |
Até 86 |
16,8 |
Até 87 |
16,9 |
De |
17 |
Até 94 |
17,1 |
Até 95 |
17,2 |
Até 96 |
17,3 |
Até 97 |
17,4 |
De 98 em diante |
17,5 |
Pedivelas |
Altura |
160.0 |
<1.52 |
165.0-167.5 |
>1.52-<1.68 |
170.0 |
>1.68-<1.83 |
172.5 |
>1.83-<1.89 |
175.0 |
>1.89-<1.95 |
180.0-185.0 |
>1.95 |
Ainda em 1988, Hull, Gonzáles e Redfield concluíram algo curioso emoutro artigo publicado que possuía algumas limitações de metodologia: umindivíduo de
Cadênciade pedaladas
A cadência de pedaladas é outro instrumento de grande valia para osciclistas, visto que ela pode ser modificada durante a pedalada. Umberger,Gerritsen e Martin em 2005, mostraram que na medida em que a cadência depedaladas se aproxima de 40rpm existe baixa eficiência mecânica; chegando próximodas 120rpm, a eficiência diminui substancialmente. Foi encontrado um “platô”de eficiência entre 60-100rpm. Em 1997, Marsh e Martin testaram corredores,ciclistas e indivíduos menos-treinados com variadas cargas e cadências (50,65, 80, 95, 110 rpm e cadência preferencial); eles concluíram que independenteda situação a que eram submetidos nos testes, os indivíduos com boa aptidãocardiorrespiratória (corredores e ciclistas) preferiam uma cadência entre90-100rpm. Já os menos-treinados optavam por algo em torno de 65 rpm (menorcusto cardiorrespiratório). Um pouco antes em 1996 Gotshall, Bauer e Fahrnersubmeteram ciclistas a testes com carga constante com o objetivo de avaliar avariação hemodinâmica (fluxo sanguíneo), e viram que na medida em queaumenta a cadência, aumenta o custo cardiorrespiratório e aumentam também ofluxo sanguíneo e retorno venoso (talvez já ajude a explicar a escolha dealguns ciclistas por cadências de pedalada mais altas).
Patterson e Moreno em 1990 aplicaram testes com cargas variadas e cadênciaentre 40-120rpm a indivíduos com ciclismo recreacional. Concluíram que pedalarem cadências mais altas implica em um maior consumo de O2, porém reduz as forçasperiféricas (menor desgaste neuromuscular). Já mais tarde em 2001, Lucia,Hoyos e Chicharro analisaram a cadência média de 7 ciclistas profissionais naVolta da França, Volta da Espanha e Giro de Itália (21 dias de análise emcada volta); conclusão: nas etapas de 50km contra-relógio e nas etapaspredominantemente planas com 190km, eles preferiam uma cadência em torno de90rpm. E nas altas montanhas com 15km, eles preferiam a cadência de 70rpm, paradiminuir o custo cardiorrespiratório. Denadai, Ruas e Figueira em 2005,mostraram que a cadência preferencial dos ciclistas profissionais, gira emtorno de 80-100rpm. Apesar de ser não a melhor faixa de eficiência bruta(menor gasto energético relativo à potência aplicada), essa faixa é a queapresenta maior eficiência neuromuscular (com menor aplicação de força nopedal e menor propensão à fadiga periférica).
Vimosacima que algumas considerações devem ser feitas na busca de uma pedaladaideal para cada indivíduo. Fatores como o tamanho das pedivelas, tamanho dociclista e característica de pedalada do mesmo devem ser bem observados para umbom desempenho.
Considerações finais
É cada vez mais evidente a interferência do conhecimento técnico-científicono Ciclismo e no esporte de alto rendimento; vimos vários fatores que por maissimples que sejam afetam diretamente o rendimento junto à eficiência mecânica.O fato de simplesmente se alterar a cadência, mostra respostas fisiológicasdiferentes (de todos os fatores, a cadência é a única que pode ser alteradadurante o treino), alterando-se as pedivelas, alteram-se as relações de força;e como conseqüência de todas essas alterações, é criada uma interferênciapositiva ou negativa no rendimento do atleta.
1.Ambrosini C. (1990): La técnica delciclismo. Barcelona: Hispano Europea.
2. Burke ER (1996): High-Tech Cycling. Champaign:Human Kinetics.
3. Denadai BS, Ruas VDA, Figueira TR (2005): Efeito da cadência de pedaladasobre as respostas metabólica e cardiovascular durante o exercício incrementale de carga constante em indivíduos ativos. Rev Bras Med Esporte – Vol. 11, Nº 5 – Set/Out, 2005.
4. Gotshall RW, Bauer TA, Fahrner SL (1996): Cycling cadence alters exercisehemodynamics. International Journal of Sports and Medicine. Jan;17(1):17-21
5. Hull ML, Gonzales HK (1988): Bivariate optimization of pedalling rate andcrank arm length in cycling. Journal ofBiomechanics. 21 (10), 839-849.
6. Hull ML, Gonzales HK, Redfield R (1988):Optimization of pedalling rate in cycling using a muscle stress-based objectivefunction. International Journal of SportBiomechanics. 4, 001-020.
7. Lucia A, Hoyos J, Chicharro JL (2001): Preferred pedaling cadence inProfessional cycling. Medicine Science of Sports and Exercise. Aug;33(8):1361-6
8. Marsh AP, Martin PE (1997): Effect of cycling experience, aerobic power, andpower output on preferred and most economical cycling cadences. MedicineScience of Sports and Exercise. Sep;29(9):1225-32
9. Patterson RP,
10. Umberger BR, Gerritsen KG,Martin PE (2005): Muscle fiber type effects on energetically optimal cadences incycling. Journal of Biomechanics. May 26.
11. Vespini JP (s/d): Manual tutor