O texto descrito abaixo não tem o intuito de preconizar ou incentivar o uso de recursos farmacológicos para a obtenção de uma melhor estética, ou melhor, desempenho desportivo. Infelizmente, esse assunto vem crescendo de forma assustadora entre os atletas recreativos, aquelas pessoas que freqüentam uma academia ou praticam algum tipo de exercício físico, que acabam se automedicando, e podem vir a sofrer problemas sérios. O uso de medicamentos (qualquer um que seja!) deve ser ministrado por um médico competente. Nossa intenção é informar o que os estudos atuais falam sobre os E.A.A. (esteróides anabólicos androgênicos), seus efeitos e citar quais os motivos que levam os indivíduos a procurar esse recurso.
Em uma revista de grande veiculação nacional, foi descrito o mal advindo do uso da reposição hormonal em mulheres. Especialistas e artistas que trabalhavam ou utilizavam a terapia hormonal questionavam a continuidade do tratamento. Nessa mesma reportagem, uma artista declarou que não pararia com a medicação, pois “… sou uma artista e, por isso, preciso estar bonita e bem-disposta”. Atualmente, esse motivo, de estar e sentir-se bem, mais forte, mais bonito é o que leva a grande maioria das pessoas a recorrerem ao uso de E.A.A. A mídia lança todos os dias novos artistas: mulheres lindas e exuberantes, com corpos sensuais e homens musculosos e bronzeados, que muitas vezes são o sonho de muitas pessoas. Nem sempre um belo corpo é sinônimo de saúde e vitalidade. E nem sempre, um belo corpo é conseguido somente através de uma genética privilegiada.
Ocorreu um caso famoso, anos atrás, nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988: o corredor Ben Johnson foi desclassificado e perdeu sua medalha de ouro devido ter sido pego no teste antidoping. Esse fato manchou a vida desse atleta para o resto de sua vida. Mas será que os outros atletas, que competiam lado a lado com ele, estavam “limpos”, como preconiza o ideal olímpico? Não queremos defender o atleta condenado, mas, não é muita ingenuidade da mídia e dos dirigentes dos órgãos internacionais desportivos, acharem que apenas o Ben Johnson estava utilizando um recurso farmacológico? Em Jogos Olímpicos ou campeonatos mundiais, a vitória significa dinheiro, prestígio e uma boa qualidade de vida. Esse desejo, de melhorar constantemente a vida é perseguido por todos nós! SALZANO JR. (1991) cita que os especialistas em competições de alto nível estimam que aproximadamente 50% dos atletas participantes de uma Olimpíada utilizam algum recurso farmacológico: como que apenas alguns indivíduos são detectados positivos? Os testes antidoping precisam melhorar e com certeza algumas superpotências no esporte devem ser fiscalizadas com maior rigor.
Os atletas que utilizam drogas não estão isentos de culpa, mas a realidade é essa: vencer é o que importa. Principalmente, se por trás desse atleta, tiver a oportunidade de ser patrocinado ou manter aquele patrocínio milionário. O atleta recreativo, grosso modo, tem os mesmos anseios: vencer. Ser mais bonito é uma possível vantagem em uma entrevista de emprego e em uma conquista amorosa. Ser mais atraente contribui para a auto-estima e facilita o convívio com outras pessoas. No ponto de vista biológico, o macho mais forte é aquele que cobrirá a fêmea e perpetuará seu código genético. Artistas e pessoas com uma boa aparência (nem sempre pessoas saudáveis!) são mais bem vistas por todos em um contexto social. A verdade é que tanto atletas competitivos e recreativos buscam, ao praticar exercícios, a melhora do autoconceito positivo, essencial para a saúde mental e a felicidade pessoal. Mas, ultimamente, os indivíduos relacionam seu sentimento de mérito próprio ao autoconceito físico e buscam recursos para melhorar a performance atlética ou alcançar a estética “perfeita”. Uma pena, mas, é o que vem acontecendo!
Quanto aos efeitos colaterais dos E.A.A., poucos estudos foram ministrados e, em sua grande maioria, foram realizados em relação a patologias e em animais. As dosagens utilizadas nos estudos também são muito inferiores daquelas que são utilizadas no dia-a-dia de atletas competitivos e recreativos. Os efeitos que os estudos mostraram ter realmente uma comprovação científica são: (leia mais na segunda parte)