Atualmente, talvez por questões relacionadas à modernidade ou por modismo, alguns livros foram editados prescrevendo planos de exercícios e estratégias nutricionais para a melhora da saúde e da estética. Mas antes de uma simples ferramenta para alcançar finalidades estéticas e vender produtos, os exercícios físicos são excelentes meios de aprimorar o bem estar físico e mental de seres humanos, dentro de uma perspectiva complexa e com uma abordagem individualizada.
O que parece estar sendo ignorado é quão devastadora pode ser uma rotina de treinamento realizada sem um profundo conhecimento dos fatores envolvidos. Quando há planos para construção de um prédio, uma equipe de arquitetos, engenheiros e outros especialistas, realizam pesquisas sobre o terreno, impacto ambiental e demais fatores inerentes à empreitada. O mesmo acontece com o organismo humano: deve-se saber sua condição atual, incluindo fatores que possam impedir o progresso ou prejudicar sua saúde, e isto não pode ser oferecido simplesmente pela leitura de um livro. Por melhores que os textos sejam, por melhores que sejam os seus autores, eles nunca poderão substituir um profissional qualificado orientando, corrigindo e demonstrando como alcançar os objetivos almejados, respeitando os limites e necessidades individuais.
Como a sociedade e a comunidade médica reagiriam se um leigo lançasse um livro ensinado a fazer um procedimento complexo, como uma cirurgia ou um transplante? Guardadas as devidas proporções, é como nós do GEASE, Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercício, nos sentimos ao ver obras como “Body for life”, “Entre em forma em 90 dias” e “O programa das 10 semanas”. Todas publicadas por profissionais sem formação em Educação Física. Livros como estes trazem uma visão limitada e perigosa do ser humano, reduzindo-o a sua manifestação física e sugerindo um programa de atividades de forma massificante, sem levar em consideração um dos princípios básicos do treinamento desportivo: a individualidade biológica, que determina que um programa deve ser direcionado para as necessidades e condições atuais do indivíduo.
A “receita” descrita nesses livros pode vir a funcionar com alguns, já com outros poderá não ocorrer nada e, pior ainda, trazer danos. Além disso, existem algumas informações descritas que a ciência ainda não encontrou resposta 100% fidedigna, como exercitar-se em jejum.
De acordo com nosso código de ética:
“O profissional de Educação Física, inscrito no CONFEF e, conseqüentemente, aderente ao presente Código de Ética, é conceituado como um interventor social, e como tal, deve assumir o compromisso ético com a sociedade colocando-se assim a seu serviço primordialmente, independente de qualquer outro interesse, sobretudo de natureza corporativista.”
Por “qualquer outro interesse” leia-se também os ganhos financeiros e pessoais que podem advir da venda de livros e fatores relacionados. Por isso, nós do GEASE nos sentimos no dever de alertar a população que procure um profissional devidamente qualificado para orienta-lo na prática de exercícios, pois é somente ele quem tem formação e amparo legal para faze-lo alcançar seus objetivos e preservar sua saúde.O intuito desse posicionamento não é denegrir a literatura referida, mas sim demonstrar que é imprescindível procurar um Profissional de Educação Física para orientações adequadas quanto à prática de exercícios, fazendo que a mesma seja executada forma saudável e segura.
Nota:
A lei 9.696/98 atribui ao profissional de Educação Física a competência de “coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto.”